terça-feira, 24 de maio de 2016

Cacos de Canto






Canto sujo
fresta fria sonora
cidade eterna cimentação do músculo cardíaco
 dores públicas músicas
 letras na parede carnal
 analfabetos sociais regentes
 viaduto espetáculo ao nada
a casa que se apaga
penitenciária planejamento de moradia
governos constrôem jaulas alegres
gastos para rasgar barrigas sonoras
carros que passam
sinfonia do tapa policial na cara
água de vala em regência
bueiro instrumental

Rádio Chopin noturno de pilha nuclear
dejeto filarmônico inimigo
abraça flauta saco corpo em lixo
música do surdo
tanto faz mais vida lá atrás
mundo perdido dentro do umbigo
 remédio e sinfônico vírus
ser humano destruído
dança no precipício
o concerto fora de si
largo som vasto da miséria
língua coro podre e velha
lambe para comer
restos de si
 partitura fúnebre

Choro pela fissura violino
piano lágrima velha que leva
vida em ilha deserta
sozinho e nada alegra
uma cantiga velha

Gotas do oceano tristeza por todos os lados
banhando sua solidão
canto cidade
gemido social
assovio do ar poluído a sinfonia fria
ouvido computador da fossa auditiva
lucro capital gravando gemidos
um musical futurista
o perigo abissal de ignorância viva
a humanidade falida
vidas extintas
o grito é um silêncio
final vazio




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