quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Endechas





Percorrendo a perda
centímetro por gemido
meu ai de dor cai
esquina em vida
estrada ferida
levando me ao nada
apenas vomito uma poesia
subliterária no papel do teatro
palco sujo da vida
filme queimado
subterrâneo do ser fita do medo
laço burocrático amargo

Letras de sangue sujo
 música de fim da festa
leva ainda bela a vida megera
cuspindo frase pra viver
livros escritos para ninguém
desgostos sabores do jantar
fome no prato principal
sede no copo estimado

Gritando na madrugada
ali esta no endereço chamado rua
bairro cidade câncer 
país mundo planeta precipício 

Não há beleza
apenas desespero colorido
não há saída de emergência
só o lixo no rosto
completamente radioativo

Voando nos cabelos o tédio
chuva ácida para o azedo chá cinza
bebidas alcoólicas de festim 
gente de plástico e ideias sem prática
entorpecem o cenário pútrido
salão mundial da babaquice 

Solidão no transporte urbano
o lixo do seu luxo
o inverno voltou com seu frio íntimo
embalagens molhadas corpos tristes
o futuro chegou ontem no passado
tecnologias dizem bom dia
carpe diem horrendo e atento
enlouquece teu cérebro
pobre rapaz rico

Agonia miserável da esquina
a ferida vai doer um pouco mais 
vício e dor para a ausência 
sem dinheiro nem futuro
aniquilada menina 

Poetas de rimas podres
ganham mais frases cheias de esgoto
síndrome de humanidade falida grátis
leia o rótulo do produto veneno
bula e manual do horror
firme e real como concreto
rachando certo como doenças
idosos na fila para serem mortos
hospital público corrupção 
cemitério a todo custo

Indo forçado ao inferno criado pelos religiosos
outra crença a quebrar suas imagens do calmo
dentro do cotidiano da sua roupa predileta
trapos condenados por ser pobre financeiro
desempregado da encruzilhada que ali ria
hoje chora a perseguição
outros deuses não o amam
ateus são banidos do direito
apenas as sobras e restos

Sobe ruas vazias vomitando dor
agoniza sem cuidados do carinho
despedaça o amor
sofre solidão
dói forte a vida letal
chora o rio contaminado de janeiro
lágrimas juvenis na aula terminal
nota zero reprovado
aluno expulso e caído

Divide o corpo
carne e sangue
mundo açougue 




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