quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cidade Cerebral








Correndo pelo meu cérebro urbano
noto serviço de limpeza falho
antes sonhos agora lixos
acúmulo em montanhas
devidamente existenciais

Ideias revistadas
polícia moral dos costumes
espancando crianças
recebendo ordens que vêm de fora
além da prisão de liberdades

Neurônios ofendidos revoltados
fazem música poesia e alarde
negam medicamentos calmantes
desejam o fim da tirania

Observo hospital
escola e cadeia
todos são agora cemitérios

Lado emocional uma ala em conflitos
cidade perdida com perigos
 vírus mental rondando vícios
corpo em desencontro de si

Estou dentro de mim
mas fui devastado pela sociedade
que invade minha memória
construindo prédios modernos

Sigo correndo
ruas sem luz
amor caído
oportunidades perdidas
em toda e qualquer esquina
numa psiquê de vida social indigna

Alagamentos na razão
afogando dados em desamparo
mergulho e resgato duas ideias
sobrevivo ao sentido
volto a correr por construções
ruínas feridas da vida

Pegando atalhos
meninos doidos no hospício
quadros de arte rasgados
comida de ração nos pratos
gritaria reunida

Pernas cansadas de anos
envelhecendo a cada hora
vários dias pesados do ardil 22

Vou correndo 
entrando no beco do horror
sem saída
ali durmo e sonho o pesadelo
que é quando desperto
para esse  lado aqui de fora



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