quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Brasil


País que nasce na morte dos índios
crescido em escravidão dos negros
expandindo através do desmatamento
 todas as matas virgens estupradas

Vai indo catequizando nativos
tortura para cada árvore
corta e coloca a palavra pecado
religião da tortura de braços abertos

A colonia se pôe como vírus
comendo o corpo adoentado
fatia com lâmina suja
capitanias hereditárias do crime

O império faz seu trono 
a vida começa a ser escombro
caquéticos membros alucinados
promovem o lodo ao povo

Monarquia marionete inglesa
dependência e morte
dívidas dividem roubos

A república surge privada
sugada pelo voraz latrocínio
 regado a estupro e dano histórico
um jantar aos famélicos
uma louça cheia de fezes prato principal
mansões aos ricos
favelas para todos os pobres

Militares marchando em rostos
todos estudantis e artistas
memoráveis esmagados num 1964
eternizado em pesadelo

Hospitais da era medieval
regulam doenças ilegais
aos enfermos contentes

Escolas de esmolas
sem reclamação
carnaval de cadáveres
a televisão é chefe
o capitalismo nada breve

Latifúndios do desespero
reformas agrárias acontecem
pessoas ganhando sete palmos
terra bruta abaixo do chão

A miséria continental aos pobres
em riqueza aos larápios
num banho de sangue lucrativo

Lacaios do poder
amansando o povo
com uma alienação cemiterial

Taças de brindes a cada fossa
o povo arqueado de costas tortas
vão lambendo os sapatos dos patrões

Isso aqui é o Brasil
terra de mendigo e magnata
hospício a céu aberto
cheio de paisagens belas em trevas








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