segunda-feira, 24 de maio de 2010

O velório




A amargura da mente
passeia
numa manhã azeda

A ternura virou
mera tortura
e tudo pura repetição

Olhando carros
numa avenida
de ida ao centro
do stress e tormento

O trabalho em busca
de salário obedecendo horários
morrendo em filas desempregado

Luta por mais venenos
para dentro da barriga
almoço pré diarréia

Cuspo no chão
mas sou o próprio
catarro

Respiro com dificuldade
mas sou a própria
poluição

Estou solitário
sou solidão

Entro no coletivo
sou mais um número
sem identidade

Sou expulso de todos os lugares
sem números monetários
vomitado e desprezado
o proibido amigo de filhos
um mal visto qualquer na esquina

Vivendo com frio humano
manhã de inverno mental
atravesso esse inferno
a pé

A violência das capas de jornais
são pílulas morais
que tomo obrigatoriamente
na comunidade
seguindo em frente
aos abismos

Falta de amigos
cercados de inimigos

Me matam e me matei demais
está na hora
de me enterrar



MonoTeLha


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