segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Saudade





A saudade corrosiva
trabalha a vida
deixa qualquer um
na lanterna de afogados
pelos cantos da estrada
escura sem vista
Queima nossos olhos numa noite
que clareia na luz do caminhão

sólida solidão

Sozinho no muro olhando o som
sozinho rindo um choro
o jaz da alegria que não descansa
nem tem paz

São pessoas que somem
os lugares que desaparecem
numa coisa de lembrar
num não existir
os bichos engolidos
por uma espécie de lixo
a tal da partida

Trágica vida
triste realidade
de todo dia

Peço desculpa se parece egoísmo
mas dói é na minha pele

O amigo que se mata
o namoro que a gente termina
ou que termina a gente

A criança na fila que vomita sangue
morrendo de burocracia

O cachorro atropelado
por diversão na esquina

A coisa do coração que esfria
que não passa de agonia
ou um tiroteio ou discussão
a ilusão é a mesma

São nazistas e fascistas
marchando sua perversidade
estadista duma má vontade humana
que ninguém reclama

São crianças armadas
até os dentes banguelas
atirando-se pela janela

São umas perdas que não voltam
uma família que se despedaça
em corações arruinados

Mortes por todos os lados
vida em desamparo

Eu mesmo nem quero mais
saudades do cachorro
saudades do gato
saudades do tempo morto
desperdiçado aniquilado

Melhor morrer que viver
essa vida
mas e a dor que compartilho
em falar em dizer
posso ser mais um a magoar
porra que merda
essa vida que despreza

Não sou dos fortes
sou dos fracos e oprimidos
sem super heróis
pra salvar

Saudade
comer um quilo de sal
e depois outro

Não sou potente
só tenho saudade

Terremoto de tristeza
desespero e drogas
afogamento num tsunami
de problemas existenciais

Quero viajar na nave
quero ir pra neve
quero que alguém me leve
por favor chega
Não há uma mínima beleza
nessa maldita tristeza

Vida asquerosa
gente imperialista e idiota

Vou ver uns 300 livros
sobre as guerras

Vou ver umas 500 exposições
sobre armas usadas em crianças

Vou ler umas 700 explicações
sobre bombas atômicas

Vou escrever 1000 vezes nas paredes
descrições sobre a realidade
de Estados que matam
e que dizem que salvam

Em erros e todos os erros
vou tentar umas 10000 esquecer de tudo aquilo
que me faz querer se matar
e tentar sobreviver
a mim mesmo
e a saudade
desse mundo que já acabou


MonoTeLha

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